Estarrecedora a reportagem "Mau exemplo - pais compram trabalhos escolares", publicada na Zero Hora deste domingo (páginas 4 e 5).
Até não é, infelizmente, novidade. Mas é triste e absolutamente sintomática a respeito destes tempos de degradação de valores e ética em que vivemos. Já é conhecido de todos o fato de alguns """""profissionais""""" venderem trabalhos acadêmicos a alunos de graduação e até de pós-graduação (putz, nem sei mais se existe ainda este hífen, mas agora foi...), mas o problema agora chegou até o Ensino Fundamental...
A reportagem entrou em contato com dois professores, solicitando-lhes que FIZESSEM trabalhos de matemática para supostos filhos. Ambos aceitaram, uma cobrando R$ 40,00 (e ainda entregou com erros, a imbecil) e outro, R$ 60,00. Este ainda com todas as "manhas", prometendo entregar conforme um aluno da idade resolveria, passo-a-passo (de novo meu problema com hífens), linha por linha.
Tá, eu sei que há maus profissionais em TODAS as profissões: políticos, advogados, médicos, motoristas, motoboys, etc. Mas é muita ingenuidade minha acreditar que entre PROFESSORES as coisas seriam diferentes? Estou tão deslocado assim no tempo e fora da realidade por (ainda) achar que a EDUCAÇÃO é a chave, o antídoto para este mundo tão deplorável em que vivemos? Por achar que através da EDUCAÇÃO poderíamos formar melhores pessoas, melhores cidadãos - éticos, justos, humanos, ...?
Se não é este o papel da educação, para que serve ela então? E, se é esse, como isso será possível, com """"professores"""" como estes?
Pelo jeito esta gente não se dá conta de um princípio básico da educação:
EDUCA-SE MAIS PELO EXEMPLO DO QUE PELAS PALAVRAS.
Um exemplo prático: imagine que um professor passe um trimestre ou um ano inteiro trabalhando valores como ética, respeito, honsetidade, decência, etc. Um dia, lá pelas tantas, ele é pego e aparece na TV fazendo isso que foi mostrado na reportagem. Qual é a lição que fica para os alunos dele? A que ele trabalhou, defendeu um ano inteiro ou aqueles segundos em que foi mostrado na TV fazendo o contrário do que pregou?
Precisa mesmo responder?
(só falei aqui, talvez movido pelo senso de indignação e pela vergonha, do lado do professor; no próximo post abordarei a questão sob o enfoque do pai ou da mãe que faz isso)