Muito interessante o artigo de Marina Silva publicado na Istoé de 05 de janeiro.
A matéria central da revista, de várias páginas era "O Brasil depois do mito", em referência ao Brasil após a 'Era Lula', em termos econômicos, políticos, sociais, etc., com a participação de vários analistas.
A ex-candidata Marina Silva concentrou seu pensamento, como não poderia deixar de ser, na questão social, mas deu bastante atenção à Educação.
Para professores antenados e preocupados com o país e com o que vem acontecendo com a 'mentalidade social' até não há muita novidade, mas sempre é bom e interessante ler o que segue, sabendo que não foi escrito por nenhum professor. Principalmente se soubermos que foi escrito e é pensado por alguém que foi ter contato com Educação formal muito depois do que seria a 'idade certa'. Se nossos governantes e principalmente a sociedade em geral compartilhassem tais ideias o Brasil seria um dos melhores países para se viver (sem falar no crescimento econômico, cultural, etc, que adviriam daí...).
Enfim, vamos a um pouco das palavras da ex-presidenciável (palavras dela em
verde - já que é para destacar, fica a homenagem!). Após destacar alguns avanços do Brasil na economia e em alguns indicadores sociais, ela afirma:
"Esses avanços, porém, não foram suficientes para superar problemas históricos (...). Nas avaliações de qualidade de ensino, entre 65 países o Brasil aparece em 53º em leitura e ciências e 57º em matemática. Não há como adiar a revolução da educação de qualidade para todos, formadora de cidadãos conscientes, solidários e preparados. A escola tem que ser o lugar onde as crianças e os jovens queiram estar, alinhada com a linguagem e as oportunidades geradas pelas mudanças em curso no mundo."
"O que já alcançamos não é suficiente para nos preparar para uma sociedade sustentável. A falta de investimento estratégico em educação, inovação tecnológica e na conservação dos recursos naturais compromete o nosso desenvolvimento a longo prazo."
Exatamente: escola deveria ser lugar de prazer, de todos os alunos. Saber, conhecimento, aprendizado, devem ser inerentes à condição humana, ou seja, algo que todos deveriam buscar, naturalmente - sinônimo de ser humano.
O problema todo está nas últimas palavras que destaquei da Marina: o "longo prazo". Na verdade, no meu humilde ponto de vista, a falta de investimentos governamentais e de uma política séria em Educação ocorre pelo fato de as mudanças em educação levarem muito tempo para serem sentidas. Claro, há a questão que sempre é lembrada de que criticidade não é bom para os governos, que uma população sem muito estudo ou conhecimento é mais fácil de manipular, etc. Isto até não deixa de estar certo, mas o fato é que cada governo que assume sabe que a princípio terá quatro anos para 'mostrar serviço', para daí conseguir se reeleger ou manter o partido no poder. Então é mais indicado investir naquilo que dá resultadoconcreto na hora, naquilo que dá visibilidade imediata. Mudanças sociais e culturais levariam mais de uma década para serem sentidas/ percebidas, então não convém investir nisso agora... Triplicar os inverstimentos para o Ensino Fundamental ou o Médio agora, até que os alunos que se beneficiariam disso cresçam, virem adultos mais preparados em termos de conhecimento, formação, personalidade, ética, etc., passariam 10, talvez 20 anos... Quem veria tais resultados? Quem os associaria ao partido que estava no poder e que começou a investir? Não, nada disso, melhor investir no que pode ser visto agora e dar votos agora. Educação, enfim, não é prioridade em nosso país (isso explica muita coisa...).