O post de hoje reforça/ confirma/ exemplifica o anterior.
O Instituto Paulo Montenegro e a ONG Ação Educativa analisaram dados do INAF (Indicador de Alfabetismo Funcional de Jovens), obtidos através de levantamentos feitos emm 2009 com jovens entre 15 e 24 anos, de nove regiões metropolitanas, tendo sido avaliados/ abrangidos vários aspectos. Vamos ao que interessa aqui:
- entre o universo abrangido, 3% são analfabetos absolutos
- 19% são alfabetizados em nível rudimentar: leem textos curtos e lidam com números simples, como operações básicas com dinheiro
- apenas 12% dos que haviam concluído o Ensino Médio ingressaram no Ensino Superior.
Há outros dados no estudo, mas aqui já tem pano para a manga.A baixa proporção entre concluintes do Médio/ "ingressantes" no Superior aponta para a necessidade de iniciativas na área. Já existem algumas coisas interessantes acontecendo, como o ProUni, por exemplo. Pensava em citar o ENEM, mas do jeito que vai, ainda não. Ainda assim, é pouco, é preciso muito mais. País que não investe em Educação não pode pensar em futuro. A tendência é formar apenas mão-de-obra barata e insuficientemente qualificada.
A outra estatística preocupa tanto quanto esta: 3% dos jovens analfabetos e 19% analfabetos funcionais, em pleno século XXI é um absurdo. É coisa que nós professores até percebemos, mas talvez não venhamos nos dando conta da dimensão do problema. Algum dos professores aí não tem casos, entre seus alunos, de alguns que parecem ter extrema dificuldade de acompanhar os demais colegas, e dificuldades, muitas vezes, em coisas básicas, de séries até mesmo anteriores? Casos que muitas vezes procuramos um encaminhamento, um apoio didático, um laboratório de aprendizagem, um trabalho com equipe multidisciplinar (psicólogo, psicopedagogo, ...) e - principalmente na rede pública - não conseguimos...
Agora, é importante atentar para a porcentagem: 22% (ou 19%, se considerarmos os analfabetos fuincionais apenas) correspondem a 1/5 dos alunos com este tipo de situação. Ou seja, se pegarmos uma turma com 30 alunos "apenas" (há bem mais, principalmente na rede pública),
6 (seis) estariam nesta situação, de saber ler textos, por exemplo, mas não entendê-los... Isso em uma turma apenas.
Os números assustam, e mais ainda o fato de muitas vezes (sempre?) termos, professores, de nos virar, tentar resolver tudo sozinhos, sem muita ajuda...