quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Geração digital na sala de aula - III

Enfim, acho que agora vem o porquê desta série de posts; eis o ponto central que motivou as transcrições de trechos do artigo e as divagações a respeito do mesmo. Vejamos se fica claro para todos.


"O aluno da geração digital tem perfis múltiplos, com performance para fazer diversas coisas ao mesmo tempo - consegue falar ao msn, atualizar seu perfi no Orkut, twittar o que está fazendo, compartilhar fotos no Flickr, baixar arquivos, ouvir música, além de assistir televisão, entre outras coisas. Está acostumado com a linguagem hipermidiática, que abrange sons, imagens, textos, vídeos, tudo ao mesmo tempo e em forma de hipertexto, criando assim uma grande rede para transitar, explica a pedagoga com formação em Informática Educativa Patrícia Grasel Silveira. 'Essa geração está acostumada a um trânsito que explora diferentes caminhos e conexões ao mesmo tempo, onde a instantaneidade, interatividade, criatividade e autonomia são pontos a serem considerados positivamente, pois exigem mais do que lado cognitivo para fazer as relações com sentido.'
Aí é que está o cerne da questão: como pretender educar alunos tão multifacetados apenas com a voz, o quadro e o giz? Não que não devamos mais usar tais elementos, mas usar apenas eles, nos dias atuais??? Eles foram eficientes em nossa formação, décadas atrás, mas os tempos mudaram. O mundo mudou. A tecnologia mudou radicalmente. E as possibilidades oferecidas por ela também. As crianças e os jovens, então, nem se fala... Como pretender fechar os olhos a tantas mudanças? Como querer preparar os jovens para o mundo, para a sociedade ou o trabalho, dispensando as novas (algumas nem tanto) tecnologias, cujo uso e domínio será efetivamente cobrado deles já provavelmente desde os primeiros estágios? Não trata-se de ensiná-los a manusear, a mexer (creio que já ficou claro, nesta série de posts, que eles já dominam as novas tecnologias, por conta própria), mas a SABER usar tais teconologias. Neste caminho eles certamente precisam de ajuda. Nossa geração aprendeu a fazer isso na escola, trata-se, pois, de repassar adiante. Se hoje há outros meios, melhor!


Mais (e ainda nesse mesmo sentido):
"A informação vai passar a ser conhecimento  no momento que o aluno for desafiado a construí-la, e não apenas consumí-la. 'Ao contrário do que muitos pensam, a internet não é apenas um repositório de ctrl+c e ctrl+v. Ela pode ser um espaço potencializador das aprendizagens, onde os sujeitos tem a possibilidade de criar, serem colaboradores de nova linguagem, onde todos podem ser construtores, autônomos e expandir sua rede e sua criatividade', alega Patrícia. 'Por meio do uso de espaços como blogs, Facebook e Twitter, percebe-se o estabelecimento de relações, das quais emergem ações que vão além da rede, trocas, compartilhamento de informações. Essas ações provocam novas leituras, formas de comunicação e interação, que consequentemente geram novos conteúdos'."
Isso vale para todo o processo de ensino: construir é sempre mais eficiente do que reproduzir, apenas repetir por repetir. E quanto espaço este novo mundo tecnológico se presta à criação...

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Geração digital na sala de aula - II

Continuando com os mais interessantes/ relevantes aspectos do texto:

"Como essa geração aprende, então, sob os aspectos da neurociência? Os processos biológicos da espécie envolvem atenção, percepção, memória e imaginação, explica Elvira [de Souza Lima], além do desenvolvimento cultural. 'Os padrões de percepção e atenção formados pelo uso contínuo do computador apresentam lacunas em relação ao que se precisa para trabalhar os conhecimentos formais. Assim, atividades escolares que eduquem a atenção são hoje necessidades curriculares (...)' Segundo a especialista, apesar da quantidade de informação disponibilizada pela internet, o aluno deve aprender a selecionar, organizar, para que forme memórias de longa duração. (...) Esse é um ponto importante para a educação: há a necessidade de fornecer situações em que a imaginação seja desenvolvida."
Primeiro, não há muito o que dizer sobre o que já está claramente dito: a importância da educação formal, escolar, com as novas tecnologias, cresce cada vez mais, ao contrário do que muitos penasm (aqueles que acham que "competem" com o computador. Segundo: pelo que já foi dito (inclusive no post anterior) sobre a geração digital (capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo, dificuldade para sair da superfície e se aprofundar em muitos assuntos), não podemos esperar que os alunos aprendam sozinhos a selecionar e organizar o que é positivo e correto em meio à grande quantidade de inutilidades e equívocos que há na internet. Enfim, se cresce a importância da educação e se os alunos não podem aprender sozinhos o que é necessário/ importante para suas vidas, adivinhe quem é a figura central neste processo???????


Falta mais aos professores agir como nativos digitais, e não como imigrantes digitais!!!!
Explico: ambos os conceitos estão também no texto. Os nativos digitais são esta nova geração, que já domina desde cedo as novas tecnologias, pois aprendem FAZENDO. Nós, de gerações anteriores, ao tentarmos incursionar pelo mundo das novas tecnologias, normalmente lemos manuais e tutoriais, vamos aprendendo devagarinho, bem devagarinho...
Repito: SEJAMOS MAIS NATIVOS, MENOS IMIGRANTES! Percamos o medo, que pode a tecnologia contra nós? Quem é que, no fim das contas, comanda a máquina????

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Geração digital na sala de aula - I

Após longa ausência (exatamente um mês), motivada pelas minhas hospitalizações, hora de voltar à ativa por aqui. Vamos lá.

 Reproduzo aqui trechos de uma interessante matéria veiculada na Revista Educação em Revista, publicação do SINEPE/ RS (Ano XIV - Agosto de 2010) - "A geração digital chegou à sala de aula". Para que o post não fique muito longo (sei que o tempo é meio curto, não só para mim) ,dividirei estas partes que acho mais interessantes da matéria em 2 ou 3 posts. Combinemos o seguinte então: o que estiver com o fonte nesta mesma cor é o que está na revista; o que estiver em verde são as minhas divagações. E é claro, aguardo a participação de todos, para que todos lucremos com o debate e a troca de opiniões/ relatos/ experiências, certo?

Sobre a "geração digital", em primeiro lugar, é definida como uma geração que "nasceu 'conectada' à internet, num contexto de informações múltiplas, e apresenta um comportamento diferente da geração anterior. É um jovem rápido, flexível, que faz conexões complexas de forma fácil e que tem facilidade de aprender a utilizar qualquer novo equipamento ou software, explica o mestre em comunicação e proferssor da ESPM João Matta. 'Esse jovem é muito intuitivo com relação ao uso da tecnologia. NÃO PRECISA PENSAR MUITO, EXPERIMENTA (grifo meu) (...) Por outro lado, são alunos que, não raro, acreditam mais no Google que em seu professor. 'São capazes de não acreditar em estudiosos legitimados pela ciência em detrimento de um site qualquer, com um texto meramente opinativo. É o grande risco para esse aluno, alerta."
Aqui já há alguns pontos para reflexão. Em primeiro lugar, a questão de esta nova geração não ter medo de fazer as coisas, simplesmente 'vão fazendo'. Por isso, certamente, sabem/ entendem tanto das novastecnologias eletroeletrônicas/ virtuais. Talvez nós, professores, que não somos desta geração, estejamos precisando agir assim, perder o medo deste mundo digital. Quantos dos professores/ adultos não deixou de fazer ou temeu fazer algo no computador, no início, por "medo de perder tudo, deletar tudo"??? Aí, por medo de "perder tudo", ficar sem nada, acabou sem experimentar, ou seja, acabou sem nada igual (mas sem ter tentado, experimentado)... Hoje em dia não há mais desculpa para isso, com tantos cursos básicos, livros, tutoriais, artigos, e mesmo o filhos ou sobrinhos para ajudar a dar os primeiros passos!
Segundo, a questão de o aluno acreditar mais no google do que no professor, o que é muito grave. Mais um motivo para o professor agir, indicando caminhos, leituras, sites e blogs confiáveis. Se o aluno vai passar certo tempo conectado, vai acessar sites e blogs os mais diversos (e, muitas vezes, suspeitos) para sanar suas dúvidas, então que acesse fontes ideais. Mais uma oportunidade para o professor, bastante interessante!


Mais adiante, a reportagem chama a atenção que a atual facilidade de acesso à informação pode ter um lado negativo: "(...) diante do volume de informação a que tem acesso, os estudantes dessa geração acreditam que já detem o conhecimento, observa Matta. 'O aluno da era digital não está habituado a ler, a compreender e a se aprofundar em quase nada. Ter ouvido falar, ou melhor, ter lido três linhas a respeito de um determinado asunto já dá a ele a falsa sensação de já saber algo sobre o tema e querer mais novidades. Essa geração é movida a novidades, mesmo que sejam requentadas por uma embalagem bem trabalhada ou por um discurso com uma linguagem mais descolada.' Para Matta, o aluno da geração digital apresenta muita facilidade para usar a tecnologia, qualquer que seja ela, ao mesmo tempo em que não consegue aprender, pois 'acha que já sabe o que apenas ouviu falar'.
Enfim, bem ao contrário das gerações anteriores: facilidade em lidar com novas tecnologias e dificuldade em extrair delas o que podem proporcionar. De que adianta uma habilidade sem a outra? Agora, mais do que nunca, o professor torna-se fundamental no processo educativo. Não dá para esperar que os alunos aprendam sozinhos, por conta própria e sem mediação de ninguém, a extrair dessa 'nova' ferramenta a riqueza de informações que ela proporciona. Em vez de considerar a informática ou a internet como vilãs no processo de educação, achando que elas 'deseducam' os alunos, é mais do que hora de enxergá-las como nossas (dos professores) potenciais aliadas. Se a cultura de ler livros já está bem distante do ideal, se agora (como diz o professor citado na reportagem) os jovens da geração digital leem 3 ou 4 linhas de um assunto na internet e acham que já o dominam, o que mais vamos esperar? Que eles não leiam mais nada? Que apenas olhem figurinhas???

Que podemos, NÓS PROFESSORES, fazer a respeito?

Enfim, esta foi a primeira parte da reportagem citada, com vários pontos que, espero, tenham incomodado o leitor. "Incomodar" no sentido de instigar, querer mudar!