Reproduzo aqui trechos de uma interessante matéria veiculada na Revista Educação em Revista, publicação do SINEPE/ RS (Ano XIV - Agosto de 2010) - "A geração digital chegou à sala de aula". Para que o post não fique muito longo (sei que o tempo é meio curto, não só para mim) ,dividirei estas partes que acho mais interessantes da matéria em 2 ou 3 posts. Combinemos o seguinte então: o que estiver com o fonte nesta mesma cor é o que está na revista; o que estiver em verde são as minhas divagações. E é claro, aguardo a participação de todos, para que todos lucremos com o debate e a troca de opiniões/ relatos/ experiências, certo?
Sobre a "geração digital", em primeiro lugar, é definida como uma geração que "nasceu 'conectada' à internet, num contexto de informações múltiplas, e apresenta um comportamento diferente da geração anterior. É um jovem rápido, flexível, que faz conexões complexas de forma fácil e que tem facilidade de aprender a utilizar qualquer novo equipamento ou software, explica o mestre em comunicação e proferssor da ESPM João Matta. 'Esse jovem é muito intuitivo com relação ao uso da tecnologia. NÃO PRECISA PENSAR MUITO, EXPERIMENTA (grifo meu) (...) Por outro lado, são alunos que, não raro, acreditam mais no Google que em seu professor. 'São capazes de não acreditar em estudiosos legitimados pela ciência em detrimento de um site qualquer, com um texto meramente opinativo. É o grande risco para esse aluno, alerta."
Aqui já há alguns pontos para reflexão. Em primeiro lugar, a questão de esta nova geração não ter medo de fazer as coisas, simplesmente 'vão fazendo'. Por isso, certamente, sabem/ entendem tanto das novastecnologias eletroeletrônicas/ virtuais. Talvez nós, professores, que não somos desta geração, estejamos precisando agir assim, perder o medo deste mundo digital. Quantos dos professores/ adultos não deixou de fazer ou temeu fazer algo no computador, no início, por "medo de perder tudo, deletar tudo"??? Aí, por medo de "perder tudo", ficar sem nada, acabou sem experimentar, ou seja, acabou sem nada igual (mas sem ter tentado, experimentado)... Hoje em dia não há mais desculpa para isso, com tantos cursos básicos, livros, tutoriais, artigos, e mesmo o filhos ou sobrinhos para ajudar a dar os primeiros passos!
Segundo, a questão de o aluno acreditar mais no google do que no professor, o que é muito grave. Mais um motivo para o professor agir, indicando caminhos, leituras, sites e blogs confiáveis. Se o aluno vai passar certo tempo conectado, vai acessar sites e blogs os mais diversos (e, muitas vezes, suspeitos) para sanar suas dúvidas, então que acesse fontes ideais. Mais uma oportunidade para o professor, bastante interessante!
Mais adiante, a reportagem chama a atenção que a atual facilidade de acesso à informação pode ter um lado negativo: "(...) diante do volume de informação a que tem acesso, os estudantes dessa geração acreditam que já detem o conhecimento, observa Matta. 'O aluno da era digital não está habituado a ler, a compreender e a se aprofundar em quase nada. Ter ouvido falar, ou melhor, ter lido três linhas a respeito de um determinado asunto já dá a ele a falsa sensação de já saber algo sobre o tema e querer mais novidades. Essa geração é movida a novidades, mesmo que sejam requentadas por uma embalagem bem trabalhada ou por um discurso com uma linguagem mais descolada.' Para Matta, o aluno da geração digital apresenta muita facilidade para usar a tecnologia, qualquer que seja ela, ao mesmo tempo em que não consegue aprender, pois 'acha que já sabe o que apenas ouviu falar'.
Enfim, bem ao contrário das gerações anteriores: facilidade em lidar com novas tecnologias e dificuldade em extrair delas o que podem proporcionar. De que adianta uma habilidade sem a outra? Agora, mais do que nunca, o professor torna-se fundamental no processo educativo. Não dá para esperar que os alunos aprendam sozinhos, por conta própria e sem mediação de ninguém, a extrair dessa 'nova' ferramenta a riqueza de informações que ela proporciona. Em vez de considerar a informática ou a internet como vilãs no processo de educação, achando que elas 'deseducam' os alunos, é mais do que hora de enxergá-las como nossas (dos professores) potenciais aliadas. Se a cultura de ler livros já está bem distante do ideal, se agora (como diz o professor citado na reportagem) os jovens da geração digital leem 3 ou 4 linhas de um assunto na internet e acham que já o dominam, o que mais vamos esperar? Que eles não leiam mais nada? Que apenas olhem figurinhas???
Enfim, esta foi a primeira parte da reportagem citada, com vários pontos que, espero, tenham incomodado o leitor. "Incomodar" no sentido de instigar, querer mudar!
Concordo plenamente com você. Nós imigrantes na Era Digital temos habilidades importantíssimas, como ler, compreender, interpretar, analisar e tomar decisões, entre muitas outras. Já os nativos dessa ERA, talvez por receberem muitos estímulos, não as tenham desenvolvid plenamente, cabe a nós profes conseguir ser esse elo de ligação. Mas COMO???? Se tudo o que eles querem é informação com muita imagem, animação e com pouca ou sem leitura????
ResponderExcluirÉ verdade, não é um caminho fácil. Como não era também antes da "era digital". A questão do COMO é que é o desafio. Não há mesmo receitas ou respostas prontas, é algo que está acontecendo. Um bom caminho para isso pode ser a troca de experiências, relatos do que dá (e do que não dá) certo entre nós, participação em fóruns, grupos de discussões, blogs, etc. Mais: perder o medo, em alguns casos, e descer do pedestal, em outros!
ResponderExcluir